sábado, 12 de janeiro de 2019

Em que momento nos perdemos?

Não costumo contar relatos reais aqui, ao menos não tão declarado como vai ser esse texto, mas dessa vez será algo "baseado em fatos reais". Embora não seja usado nomes verdadeiros.

Não tão recentemente, tive uma experiência, no mínimo, "diferente". Diferente de tudo que já fiz, onde conheci um pouco de em um mundo que jamais imaginei como fosse de verdade. Acabei conhecendo uma pessoa maravilhosa, que se tornou uma querida amiga.

Era um dia aleatório qualquer, quando fomos apresentados. Não desconfiei no início, mas logo soube que essa jovem era uma prostituta, mulher da vida, chame-a como quiser, porém com respeito! Valéria era seu nome. Naquele momento, eu não me encontrava na minha melhor condição mental, quer dizer... E quando estou?!

Acabei indo até o apartamento dela, onde conversamos muito e parecíamos amigos de muitos anos. No meio da conversa, comentei do livro "O Segredo", resumidamente fala sobre pensar nos seus sonhos, acreditar, pois um dia irá acontecer. Apresentei o documentário na internet e logo depois fui embora.

Dias depois, acabei vendo esse mesmo livro na livraria, e pensei "Por que não comprar de presente?", mas logo imaginei que pela empolgação dela, ela mesma iria comprar, então comprei um outro livro da mesma escritora.
Entrei em contato com a Valéria e comentei que tinha comprado um presente. Ela falou que já sabia que era o livro e já tinha encomendado, mas retruquei falando que tinha desconfiado que ela mesmo iria comprar, e por isso comprei outro da mesma escritora. Sou um gênio, afinal.

Combinamos de nos encontrar e fui até a casa dela, onde ficamos conversando por algumas horas. Até que ela me falou que não conhecia muito da cidade que estávamos. Na mesma hora, a convidei para ir comer algo e apresentei vários lugares interessantes.

Quem diria que aquela jovem, com toda aquela história em sua vida, com o trabalho que tinha, com a experiência e sofrimento que poderia ter passado, seria apenas uma criança correndo naquela areia junto ao mar? Quem diria que por trás daquela mulher, havia uma menina inocente ainda com esperança nos olhos. Seu sorriso era lindo e único. Há muito tempo eu não via algo assim.

Voltando para seu apartamento, ela tomou banho e me chamou para o quarto. Eu disse que não tinha vindo para isso, que só queria a sua amizade. Ela ficou totalmente sem jeito. Aposto que nunca tinha passado por isso.

Acredito que se eu contasse isso para meus amigos, iriam rir de mim, por não ter "aproveitado". Um amigo em especial, vai ler isso, tirar "print" e rir de mim. E pergunto, o que é mais importante: uma amizade sincera ou algumas horas de prazer?

Voltamos a sair algumas vezes e ainda temos contato. Ela me conta os segredos e eu lhe confesso os meus.

E quem diria... A "puta", era mais verdadeira que a santinha.


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Hoje, vejo o mundo, as pessoas, com um olhar diferente. Às vezes, com pena. Às vezes, tentando descobrir o que passa em suas cabeças. Às vezes, tentando entender toda aquela dor sem fim.

Vejo tantas jovens com suas belezas sendo impostas e vendidas para todos. Muitas esfregando seus corpos na cara de desconhecidos, apenas para serem aceitas e fingindo não se importar com nada. Vejo tantas jovens perdidas em festas e baladinhas, onde mais parecem desesperadas por uma busca de quantidade ilimitada de prazer por onde passam. 

Me pergunto: quando foi que essas jovens mataram aquela menina inocente que caminhava pela praia? Quando foi que se perderam por causa de um antigo relacionamento que não deu certo? Quando foi que deixaram de dar valor aos seus corpos e sentimentos?

Algumas pessoas fazem isso por gostarem, claro. Não irei generalizar nada. No entanto, há pessoas que fazem isso para fugirem da realidade. Eu sei disso, pois já me contaram. Cada um é livre para pensar e agir como bem entender, eu sei. Mas... por que se iludem tanto?

Muitas pessoas usam antigos acontecimentos como justificativa das coisas ruins que acontecem no presente. Culpam outras pessoas. De fato, outras pessoas podem ser a causa dos seus problemas atuais, mas nós mesmos somos quem deixamos nos machucarem. Deixamos que nos machuquem quando ficamos calados e não nos defendemos. Abaixamos a cabeça, apenas para não contrariar a outra pessoa. Somos a causa dos nossos problemas e também somos a cura dos nossos problemas.

Só não perca a sua bondade e inocência. Não deixe morrer aquela menina que brincava na praia...

Não deixe que o mundo ao redor, destrua seu mundo interno.




Vale


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