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Normalmente, escreveria isso no meu blog pessoal e lá ficaria confinado com outros textos que escrevi, porém, resolvi postar esse na minha página artística, para que conheçam um pouco de mim. Sintam-se honrados.
Aos poucos estou começando a escrever um novo livro, novo pois já escrevi um. Poucos sabem, ainda mais que guardo este livro em "segredo".
E agora, começo outro livro. Contando um pouco de toda a diversão. Já que enquanto estou com toda essa maquiagem, roupa e suor, muitos pensam que tudo parece ser tão feliz e alegre, esquecem que por trás de tudo isso existe uma pessoa igual a vocês. A única diferença, que tenho a missão de fazer as pessoas felizes, nem que seja por algumas horas, sem importar como estou me sentindo ou se estou bem, seja emocionalmente ou fisicamente.
Às vezes, o sorriso não é real, não passa de uma maquiagem assim como essa.
Há muito tempo, em 2011, para ser mais exato, logo quando cheguei em Canasvieiras, conheci um palhaço. Desses que trabalham na rua ou no semáforo, em troca de algumas moedas. Certo dia, aproximadamente sete horas da noite, estávamos sentados em um banco em frente ao mar, o encontrei ali por acaso. Me aproximei e começamos a conversar. Ele logo me contou um pouco de sua vida, que estava com saudades da filha, que se afastou de todos, pois se perdeu por causa das bebidas, mas que fazia de tudo para seguir em frente e alegrar as pessoas.
Fazia uma meia hora que a gente estava ali "trocando uma ideia", eu o queria conhecer um pouco, e, como eu recém estava ingressando a esse mundo de ser animador, até pensei que poderia pegar algumas dicas, por que não? Até que, de repente, uma família o chama. Eles estavam meio longe, uns 100 metros, queriam que ele fosse até eles para fazer alguma palhaçadinha para a filha deles. Ele não hesitou e foi correndo, mesmo cansado e desanimado. Fiquei apenas observando de longe. Minutos depois ele retornou, com cabeça baixa e um sorriso forçado. Só deram risadas dele e nada mais. Não ofereceram nenhum dinheiro sequer. Nem agradeceram, simplesmente o trataram como um palhaço.
Nesse dia, aprendi e perdi o encanto pelas pessoas. Ninguém tem empatia por ninguém. Às vezes, quando estamos pagando alguma coisa, ou em uma situação um pouco melhor, nos achamos no direito de maltratar as pessoas. E isso não é algo honroso de se fazer. É repugnante!
Trabalhar com as pessoas não é algo fácil. É cansativo. Sei que está se perguntando "por que não paro com isso?". É simples. Da mesma forma que aprendi que algumas pessoas só querem se aproveitar das outras, também há pessoas que se importam com as outras. Eu conheço os dois lados, é por isso que ainda continuo me doando em troca de alguns míseros e sinceros sorrisos.
Esse texto é curto, tem muito mais que quero escrever no meu livro. Tudo que tem de ruim e, claro, as coisas boas também.
Uma vez teve uma senhora, de uns trocentos anos, no mínimo, que estava em uma cadeira de rodas. Ela me chamou para tirar uma foto, fui e me ajoelhei ao seu lado, mas ela fez questão de juntar forças e ficar em pé.
- Me dói tudo para levantar, mas não quero que um moço tão bonito assim suje sua roupa no chão só para tirar uma foto comigo. - disse esta senhora sorrindo para mim.
Mal ela sabia que eu sujo minha roupa de propósito só para ficar mais "piratesco".
Eu nem soube como reagir com tanta gentileza dessa vovózinha. Apenas dei um beijo no seu rosto e na sua mão.
Tem outro acontecimento também. Estava sendo um dia bem difícil, a semana toda foi, claro que ninguém sabia de nada, apenas eu, ainda mais que fazia de tudo que não transparecesse o que estava acontecendo comigo, não era importante, afinal.
Aquele dia mal tinha chego na praia e uma menininha de uns 8 anos veio correndo para me abraçar.
Me abraçou forte e disse "vai ficar tudo bem". Logo após saiu correndo. Não lembro de tê-la visto novamente depois disso...
Dizem que crianças são tão puras que sentem só de olhar e elas tem o poder de curar as pessoas ao redor. Obrigado pelo abraço daquele dia, menininha. Salvou meu dia.
Viu? Eu falei que tem coisas boas também. Não sou tão amargo ou ingrato como dizem.
Tem momentos que penso em "me aposentar" disso e seguir com outro trabalho. Fazer uma faculdade de astronomia ou outra coisa que me interessa e largar a "pirataria". Digo largar mesmo, nem para eventos ou ocasiões especiais. Tem momentos que cansa. Parece que não importa o que fazemos, nunca será o bastante. Ainda mais vivendo em um ambiente fútil, onde sabemos que somos apenas "palhaços", e que podemos ser substituidos por qualquer um. Frases do tipo "ninguém é insubstituível" é algo corriqueiro. Machuca as pessoas. Eu vi coisas que ninguém deveria ver ou passar. E não digo por mim apenas, mas por vários amigos e colegas de trabalho.
Mas acredito que estou onde deveria estar, fazendo o que deveria estar fazendo e o com que gosto. Estou há mais de 8 anos em Florianópolis, trabalhando com a mesma empresa. Já tive oportunidade para trabalhar em outros lugares. Tive uma ótima experiência, senão a melhor, que foi em Cancún, onde fui batizado como um verdadeiro Pirata do Caribe. Talvez um dia eu conte com mais detalhes.
Estou trabalhando na praia basicamente de outubro à abril. Após isso, "desapareço". Preciso me afastar de tudo e recuperar as energias para outro verão. Poucos sabem, mas tenho pavor com aglomeração de pessoas. Não me sinto bem de verdade em estar no meio de tanta gente. Só que claro, isso sou eu como pessoa dizendo, não o personagem. Sei separar as coisas, por isso até me sinto bem no barco ou praia lotada.
Saibam que sempre lembro como muito carinho todas as pessoas boas que conheci nesses mares. E lembro mais ainda daquelas que me dão presentinhos! Fica a dica aí.
Não sou o melhor. Longe disso. Não sou o mais parecido. Não sou o original. Não sou o que tem "selo da Disney". Não sou o primeiro. Não sou nada. Sou a versão mais pirata, apenas isso!
Mas garanto que faço o meu melhor todos os dias de verão. Tento dar alegria a todos.
Não importa se seja um dia colorido ou cinza, farei de tudo para jogar algumas cores na aquerela da vida.
"Vai ficar tudo bem!" Savy? ;]
Vale
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